terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Técnicas de reprodução assistida

·         Inseminação intra-uterina ou Inseminação Artificial
Nesta técnica manipula-se o gâmeta masculino, prepara-se o sêmen, ou seja separam-se os espermatozoides móveis e normais do líquido seminal, tornando-os mais rápidos e direcionados. A inseminação intra-uterina consiste em colocar os espermatozoides anteriormente preparados dentro do útero no período ovulatório, esta técnica não requer anestesia.

·  Fecundação in vitro
o   Fertilização in vitro (FIV)
Esta técnica envolve quatro fases, indução da ovulação, aspiração folicular, fecundação in vitro, e transferência embrionária.
Induz-se a ovulação através de tratamentos hormonais que aumentam o número de óvulos que se tornam maturos, aumentando a probabilidade de fecundação. O crescimento folicular é controlado por ecografias transvaginais, quando pelo menos dois folículos atingem um diâmetro ecográfico de 18 a 20 mm, programa-se a aspiração folicular.
Os espermatozoides são colocados dentro do óvulo para que ocorra a fertilização, o melhor espermatozoide penetra o óvulo sem auxílio. Após a fecundação, o embrião é implantado no endométrio quando este tecido oferece as condições necessárias para ocorrer a nidação, estas condições são controladas pelo tratamento hormonal e permitem a gestação.

o   Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides - ICSI
·         Citrato de Clomifene
Induz a ovulação, tendo uma ação anti estrogénica que provoca um aumento dos níveis de FSH e LH, melhorando o recrutamento folicular. É um fármaco ativo por via oral.
·         Gonadotrofinas
Estimulam o crescimento de múltiplos folículos, o seu uso é inicia-se no 2º ou 3º dia do ciclo. Após ser controlado o crescimento folicular é injetado HCG para   maturação final e libertação do óvulo, trinta e seis horas após a injeção, programa-se a captação de óvulos sob controlo ecográfico. As gonadotrofinas são de uso subcutâneo ou intramuscular.
·         Análogos do GnRH
Esta técnica reduz o risco de descarga prematura de LH (evita que ocorra a ovulação antes da hora programada) e facilita a manipulação do ciclo. Promovem, inicialmente, o esvaziamento do LH e FSH da hipófise. O agonista é mantido durante toda a maturação folicular (fase de crescimento dos folículos) até ao momento da aplicação do HCG.
·         Antagonista do GnRH
Bloqueiam a libertação de LH e de FSH pela hipófise e evitam a rutura folicular precoce, suspensão do ciclo. São de uso subcutâneo.

-Indução da ovulação:
Consiste no aumento da produção de oócitos nos ovários. Neste tratamento são utilizados medicamentos que actuam na hipófise anterior ou nos ovários. Isto serve para aumentar a FSH nos ovários durante algum tempo, estimulando o crescimento de folículos. Com este processo, é possivel obter um maior número de oócitos nos dois ovários havendo assim uma maior probabilidade de fecundação.

-Microinjecção:
Esta é uma técnica semelhante á fecundação in vitro e tem maiores probabilidades de sucesso. É efectuada uma recolha dos gâmetas masculinos e femininos. Após a recolha, é seleccionado um único espermatozóide e este é injectado diretamente no oócito, havendo assim a fecundação. Após a verificação da fecundação, o embrião é implantado no útero do mesmo modo que na fecundação in vitro.

-Transferência Intratubárica de Gâmetas:
Tal como na FIV há a recolha dos gâmetas masculinos e femininos e há a selacção dos mesmos. Estes serão depositados nas trompas de falópio para que ocorra aí a fecundação.

-Transferência Intratubárica de zigotos:
Após a recolha e selecção dos gâmetas, estes permanecem num meio de cultura adequando durante cerca de 24 horas. Aí vai haver a fecundação e após a mesma há a transferência do zigoto, atravéz de uma Laparoscopia, para as trompas de falópio.

-Maternidade de substituição:

Este método é utilizado quando há impossibilidade de gestação por parte da mulher. Neste caso a gestação do embrião será feita por outra mulher como se fosse uma barriga de aluguer. Poderá ser feita uma fecundação in vitro usando os gâmetas do casal e sua posterior colocação no útero da barriga de aluguer. Ou então será feita uma Inseminação artificial em que se usará os espermatozoides do homem com um oócito doado pela barriga de aluguer.

Causas de infertilidade

Causas da infertilidade na mulher:
Problemas na produção de hormonas
·         Síndrome dos ovários policísticos
Nos ovários que contêm cistos a ovulação não ocorre regularmente, devido a um desequilíbrio hormonal que pode causar alterações no ciclo menstrual, alterações na pele e pequenos cistos nos ovários.
Causas orgânicas
·         Cancro (ovárico, do colo do útero);
·         Drogas;
·         Infeções;
·         Danos de radiações;
·         Problemas de ovulação
Impedimento do oócito II ser libertado dos ovários, devido a um distúrbio (normalmente hormonal).
·         Óvulo de baixa qualidade
Presença de óvulos danificados ou com anomalias cromossómicas, que não conseguem manter uma gestação. A idade costuma estar ligada a este problema.
·         Obstrução nas trompas
As trompas são bloqueadas e impedem que os óvulos cheguem ao útero e, o espermatozoide ao oócito II.
As principais causas são: doenças inflamatórias pélvicas e doenças sexualmente transmissíveis, como clamídia e laqueadura anterior.
·         Endometriose
O tecido do endométrio cresce fora do útero.
·         Auto anticorpos
As secreções uterinas contêm um excesso de anticorpos que podem impedir a implantação do zigoto no útero, isto acontece devido a doenças genéticas em que o sistema imunológico ataca o próprio organismo.
Exemplo: Anti espermatozoide, os anticorpos bloqueiam os espermatozoides, não os deixando fecundar o oócito II.
·         Abortamentos de repetição
Podem ser devido a problemas genéticos parentais incluindo a idade avançada do ovário, as anomalias do cariótipo, neste caso, o abortamento é considerado uma defesa materna contra um produto inviável e a doenças de coagulação.
·         Gravidez ectópia
Acontece quando a implantação e a gravidez ocorrem na cavidade abdominal ou na trompa de Falópio.
·         Patologia uterina;
Os fibromiomas (tumores benignos do músculo liso), os pólipos causam frequentemente hemorragias e impedem a implantação desencadeando uma inflamação, impedindo a gravidez por ocupação de espaço.
A hiperplasia benigna do endométrio acontece devido a uma desregulação hormonal ou infeção crónica.
A hipoplasia do endométrio acontece se o endométrio não crescer (12-14 mm) na altura da implantação, isto deve-se a défices hormonais ou a mutações genéticas.
As infeções silenciosas do endométrio são frequentes, sendo geralmente causadas por bactérias de transmissão sexual.
As sinequias são aderências do endométrio, geralmente secundárias a infecções genitais ou à curetagem do endométrio durante a interrupção voluntária da gravidez.

Causas da infertilidade no homem:
Causas psicológicos, relacionados com o stresse, o nervosismo e a ansiedade.
Causas orgânicas
·         Lesões do escroto
Hidrocele é a acumulação congénita de líquido no escroto e causa a diminuição da qualidade do sémen.
Os quistos dos epidídimos podem ser congénitos ou secundários a infeções e podem causar azoospermia obstrutiva.
A torção testicular acidental pode levar à remoção cirúrgica do testículo (orquidectomia).
·         Lesões mecânicas ou doenças que afetam o sistema nervoso, nomeadamente ao nível da espinal medula ou do cérebro.
·         Existência de testículos incapazes de responder às gonadoestimulinas e sintetizar testosterona.
·         Obstruções- Vasos deferentes, epidídimos, ou uretra;
                  -Varicoceles (varizes) nos testículos que são a causa mais comum de doenças sexualmente transmissíveis.
·         Criptorquidia
É caracterizada pela descida incompleta dos testículos para o escroto.
·         Ejaculação retrógrada
Acontece nos homens que foram operados à próstata, o sémen durante a ejaculação pode refluir para a bexiga urinária em vez de ser expelido para o exterior através da uretra.
·         Anejaculação
A ausência de ereção e/ou de ejaculação pode acontecer devido a lesões da medula espinhal, a doenças vasculares, a determinadas medicações e a distúrbios psicológicos.
                  Problemas nos espermatozoides:
         -Morfologia
 A estrutura dos espermatozóides sofre modificações. Deformações a nivel da cabeça, peça intermédia e flagelos (ex. Um espermatozóide com dois flagelos; uma cabeça nao oval; peças intermédias partidas)
      -Mobilidade espermática
 Os espermatozóides nao apresentam mobilidade ou muito pouca.
   -Azoospermia secretora
Acontece, porque o testículo não produz espermatozoides ou produz espermatozoides em número insuficiente, sendo que estes têm pouca mobilidade ou um formato anormal. Esta doença tem causas genéticas e secundárias.
·         Alergia a espermatozoides
Reação imunológica a espermatozoides, que é comum após uma vasectomia.
·         Drogas;

·         Estragos pela radiação.

Métodos contracetivos

Podem ser divididos em dois grupos:
- Métodos Naturais
- Métodos Tecnológicos(estes são subdivididos em outros três grupos):
     - Barreira;
     - Hormonais;
     -Cirúrgicos;

·         Naturais
o   Calendário
                Permite calcular o período fértil da mulher através da contagem dos dias de duração de um ciclo menstrual.
o   Temperatura basal
A mulher determina a temperatura do seu corpo em repouso, medindo a sua temperatura antes de se levantar. A temperatura habitual do corpo diminui antes da ovulação e aumenta discretamente (aproximadamente 0,5 C) após a libertação do oócito II.
o   Método do muco cervical
As características do muco cervical mudam consoante o grau de fertilidade. No período infértil o muco mais espesso e menos espesso no período fértil.
o   Coito interrompido
Consiste em, durante o ato sexual, retirar o pénis da vagina antes de ocorrer a ejaculação, impedindo que o esperma seja depositado na vagina.
o   Método sinto-térmico
Este método é um conjunto dos anteriormente descritos: Método do Calendário; Avaliação Diária da Temperatura; Método de Billing ou muco cervical; Deste modo é possível, com maior fiabilidade e segurança, descobrir o período fértil da mulher e proceder á abstinência sexual.

·         Barreira
o   Preservativos (feminino ou masculino)
Ambos devem ser introduzidos antes da relação sexual e depois da ejaculação retêm o esperma.
O preservativo feminino é introduzido na vagina e previne o contacto do esperma com colo do útero. O preservativo masculino constitui uma barreira à passagem do esperma para a vagina durante o coito. 
o   Diafragma
É um dispositivo de borracha com um aro flexível que se introduz na vagina. Quando corretamente introduzido previne o contacto do esperma com o colo do útero.
o   Esponjas e espermicidas
São constituídos por substâncias que eliminam a mobilidade dos espermatozoides. Podem apresentar-se sob a forma de creme, gel, espuma ou comprimidos vaginais. O espermicida deve ser introduzido na vagina até 1 hora antes da relação sexual.
o   Dispositivo intra-uterino (DIU)
É um método contracetivo de longa duração, aproximadamente 5 anos e não contém hormonas com cobre.
Impede que os espermatozoides fecundem o óvulo. Também dificulta a implantação no útero caso tenha ocorrido a fecundação, é 95% eficaz.

·         Hormonais
o   Pílula oral
É um método contracetivo de utilização diária que inibe a ovulação, é 98% eficaz.
É tomada durante os 28 dias do ciclo, sem interrupção (pílula que não contém estrogénios) e pode ser utilizada durante a amamentação.
o   Injetáveis
Regulariza o ciclo menstrual e evita a gravidez indesejada. Para utilizá-lo a mulher deverá tomar uma injeção uma vez por mês ou a cada três meses, segundo a orientação médica.
o   Implante hormonal
É um método contracetivo de longa duração (aproximadamente 3 anos), só contém progesteronas.
Pode ser utilizado durante a amamentação, pois não afeta a quantidade nem a qualidade do leite materno.
o   Anel vaginal

É um anel de plástico flexível, suave e transparente com 5 cm de diâmetro.

É um contracetivo hormonal de utilização mensal. O seu uso regular proporciona níveis hormonais constantes.

o   Adesivo anticoncecional
É um método contracetivo de utilização semanal. Em contacto com a pele liberta um fluxo contínuo de hormonas (estrogénios e progesterona).
·         Cirúrgicos
o   Vasectomia
Consiste no corte dos canais deferentes, responsáveis pelo transporte dos espermatozoides que são expelidos durante a ejaculação.
o   Laqueação das trompas

Consiste na oclusão bilateral das trompas de Falópio, impedindo assim que os espermatozoides entrem em contacto com óvulo.

Desenvolvimento embrionário

Fase embrionária: Vai até às 8 semanas;
Divisão do zigoto por mitoses para formar a mórula;
A mórula ao chegar ao útero, é nutrida por secreções uterinas e desenvolve-se em blastocisto: Botão embrionário e trofoblasto;
Ocorre a nidação (blastocisto)

Fase letal: Apartir das 8 semanas

Desenvolvimento embrionário
Crescimento
Morfogénese (endoderme; mesoderme e ectoderme)
Diferenciação celular (organogénese)

Blastocisto --> hCG --> Estimulação do corpo lúteo na produção de estrogénios e progesterona --> Condição fundamental para a nidação

Quando ocorre a fecundação, as células trofoblásticas do blastocisto (estádio em que o embrião se fixa à parede uterina) funcionam como glândulas endócrinas, secretando a hormona hCG
A hormona hCG impede a degeneração do corpo lúteo e desta forma a produção de estrogénios e progesterona não cessa. Assim, aumenta a concentração destas duas hormonas, exercendo-se um mecanismo de retroalimentação negativa sobre o complexo hipotálamo-hipófise, não havendo desencadeamento de nova fase folicular.

Como se explica que as células, apesar de terem a mesma valência e o mesmo material genético, possam originar uma tão grande diversidade de tecidos funcionais?
Apesar de possuírem a mesma informação genética, essa informação, não se expressa toda ao mesmo tempo em todas as células. Há genes que são expressos numa células e silenciados noutras. Assim, mediante a informação genética que se encontra em descodificação, as células seguem em linha de diferenciação celular.

Anexos embrionários:

  • Cordão umbilical- permite a comunicação entre o embrião/feto e a placenta.
  • Placenta- é o local de trocas seletivas de gases e outras moléculas entre o sangue materno e o fetal.
  • Âmnio- membrana que delimita a cavidade amniótica, preenchida por líquido amniótico. Protege o embrião/feto de choques mecânicos ou variações térmicas.
  • Córion- membrana exterior que reveste os outros anexos embrionários e o próprio embrião/feto.
  • Alantóide e Saco Vitelino- estruturas de dimensões reduzidas que contribuem para a formação do cordão umbilical.

Amniocentese: Com o auxílio de uma agulha longa que perfura as paredes abdominais recolhe-se líquido amniótico, que contém células descamadas do feto, da placenta e do saco amniótico. Através desta técnica realiza-se diversas análises, entre as quais a que permite estabelecer o cariótipo da criança. Assim faz-se o diagnóstico de algumas doenças hereditárias.

Regulação hormonal durante a gravidez





      A partir do terceiro mês de gestação, a placenta produz quantidades adequadas de estrogénios e progesteroma, mantendo os níveis altos na restante gravidez.

O parto envolve contrações uterinas sob o efeito de hormonas:
  • Progesterona- Aumento dos seios; Obstrução do cérvix; Crescimento da placenta; Aumento do útero; Bloqueio dos ciclos.
  • Oxitocina- é estimulada por um estímulo mecânicas, dado pela pressão da cabeça do feto contra o colo uterino. Potencia as contrações uterinas, que fazem com que haja mais pressão no cólo do útero e assim aumenta a sua libertação.
A oxitocina também estimula o útero a produzir prostaglandinas;
  • Prostaglandina- promove as contrações do músculo uterino. Na sua ausência, o colo do útero nao se dilata da maneira adequada.
  • Relaxina- Amolece o colo do útero, o tecido conjuntivo entre os ossos da cintura pélvica, facilitando o alargamento da abertura pélvica.

Controlo hormonal do aleitamento

Prolactina- Estimula a produção de leite materno, as células contrácteis.
Oxitocina- estimula as células secretoras.
    Associados a cada amamentação, ocorrem picos de secreção de prolactina. a sucção do bebé provoca uma estimulação da hipófise, libertando prolactina. A prolactina e a oxitocina são libertadas periodicamente, em resposta aos momentos de aleitamento, estimulando a ejecção de leite.